10 coisas que Mulher-Maravilha precisa fazer para ser um bom filme!

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10 coisas que Mulher-Maravilha precisa fazer para ser um bom filme!

Por Gus Fiaux
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Marketing cauteloso

Embora não faça parte do filme em si, o marketing é uma questão importante, pois ele ajuda a vender o filme e manipular a percepção do público sobre o que será o produto final. Nesse sentido, os trailers de Mulher-Maravilha têm sido excelentes até agora, criando expectativa para o longa, ao mesmo tempo que não revelam demais da história.

Porém, conforme a data de estreia se aproxima, mais trailers, vídeos promocionais e cartazes serão liberados. É importante que a publicidade não acabe ofuscando o produto final, seja por liberar mais detalhes do que era necessário - como em Batman vs Superman - ou vendendo o filme errado - como em Esquadrão Suicida.

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Pouca interferência do estúdio

Aliás, falando de Esquadrão Suicida, o filme é um manual elucidativo do que não se deve fazer. Nesse caso - e é tarde demais para mudar, caso já tenha sido feito dessa forma -, o filme de Diana Prince precisa contar com um bom roteiro, que faça algum sentido e possa contar uma história verdadeiramente interessante.

Para isso, é necessário que os criadores - os roteiristas, a diretora e outros membros da equipe de produção - tenham bom domínio sobre seu trabalho - o que significa que o estúdio precisa dar espaço para que a criação funcione. E principalmente, queremos ver um filme bom no cinema... e não uma experiência incompleta por conta da montagem, apenas para vender Blu-Ray contendo edições estendidas.

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Ação X Narrativa

Outro fator importante que precisa ser trabalhado aqui é o balanceamento entre a narrativa e as cenas de ação, tendo em vista que todos os filmes anteriores do Universo Estendido da DC Comics - principalmente Homem de Aço e Batman vs Superman - são criticados por não saberem pesar bem esses dois elementos, tendo grandes "bolsões" de história que exaustam os espectadores, seguidos por lutas intermináveis no clímax, que são igualmente cansativas.

Pelos trailers, já pudemos perceber que o filme terá bastante ação e que, pelo visto, ela será bem distribuída ao longo da história, não pertencendo unicamente a uma cena específica ou a alguma sequência. Contudo, é importante trabalhar isso de forma que tanto a história quanto a ação possam ser chamativas, bem desenvolvidas e empolgantes. E, necessariamente, é preciso transformar a ação em elemento da narrativa.

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Um vilão à altura

Embora os grandes vilões da DC Comics geralmente sejam antagonistas do Batman e do Superman, a Mulher-Maravilha também possui inimigos memoráveis, que representam um verdadeiro perigo não apenas para ela, mas também para o planeta. Conforme rumores, tudo leva a crer que Ares estará no filme e, para isso, precisamos que ele seja um vilão bom e ameaçador o bastante.

O personagem precisa ter uma construção digna e não ser caricato como o Lex Luthor e o Coringa apresentados nesse universo. Além disso, outras ameaças secundárias precisam existir, mas não podem se tornar meros dispositivos da narrativa apenas para engrandecer a figura do vilão central ou da heroína.

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Balanceando o tom

Tivemos, no ano passado, dois exemplos extremos que mostram como o tom afeta o Universo Estendido da DC. Enquanto o clima sombrio e realista de Batman vs Superman torna a história maçante, desesperançosa e não-adequada para um filme de super-heróis, a atmosfera colorida, divertida e surtada de Esquadrão Suicida acabou fabricando um filme artificial demais e, em certos momentos, até mesmo infantilizado.

Mulher-Maravilha precisa encontrar um tom adequado no meio desses dois extremos, não correndo o risco de ser um filme sisudo demais, mas também evitando a galhofa e necessidade exagerada de diversão e humor. Se bem sucedido nisso, o filme pode acabar ditando o tom de outras produções nesse universo, como Aquaman e The Flash.

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Explorando a mitologia

Embora tenhamos usado muitos exemplos da própria DC Comics para ilustrar o que não deve ser feito, esse caso em especial exige um exemplo da concorrente. Mais precisamente, falamos aqui do primeiro Thor, do Universo Cinematográfico da Marvel. Apesar de razoável, o filme é extremamente criticado por usar pouco da mitologia do herói e inseri-lo em uma trama chata na Terra, quando Asgard parecia bem mais interessante.

Mulher-Maravilha passa por uma situação igual. Boa parte do filme se passará na Ilha-Paraíso, que é um ambiente interessante e mostra o contato da heroína com sua mitologia. O medo que temos é que o filme sacrifique essa mitologia para dar espaço às cenas da Primeira Guerra Mundial. Embora isso seja interessante, é necessário que se tome o cuidado para que o filme respeite a mitologia da heroína e isso não seja ofuscado por uma trama menos intrigante.

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O cuidado com o fanservice

Sabemos que Mulher-Maravilha é o último filme do Universo Estendido da DC antes de Liga da Justiça. Por conta disso, é esperado que o filme trace algumas conexões com o longa que mostrará a reunião dos heróis mais icônicos do universo. A partir daí, sabemos que veremos uma dose cavalar de easter-eggs, referências e muito fanservice. Mas é necessário tomar cuidado.

O grande problema por trás de Batman vs Superman é tentar contar sua história própria, quando o filme mais parece um trailer de três horas para Liga da Justiça. Mulher-Maravilha não pode correr esse risco, afinal, isso tornaria a trama mais inchada e desviaria a atenção da história de origem de Diana. Fanservice é bom e nós, como fãs, queremos... mas o filme não pode viver apenas disso.

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Construção de personagens

Até agora, os filmes do Universo Estendido da DC Comics têm um problema grande em comum: seus personagens são apresentados de forma unidimensional demais, sem motivações claras ou desenvolvimento e construção. Esse é um problema que se repete desde O Homem de Aço e precisa mudar com Mulher-Maravilha, tendo em vista o quanto estamos próximos de Liga da Justiça.

Não apenas Diana, como também todos ao seu redor precisam ganhar o devido tratamento no roteiro, de forma que possamos ver personagens mais palpáveis e não apenas caricaturas sem uma trama consolidada. Além disso, é necessário formular uma história em que todos esses personagens tenham uma importância e uma razão para estarem lá.

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A questão da representatividade

Culturalmente falando, Mulher-Maravilha é um filme extremamente importante. Além de ser o primeiro filme protagonizado por uma heroína dos quadrinhos em mais de dez anos, é também o primeiro filme a ser dirigido por uma mulher com um orçamento superior a 100 milhões de dólares. Por conta disso, o filme precisa trabalhar bem a questão da representatividade em sua narrativa.

Considerando que, nos quadrinhos, a Mulher-Maravilha foi criada e construída como um ícone feminista, é de grande responsabilidade do filme conseguir passar essa mensagem a todos os públicos, respeitando principalmente o público alvo. Pelos trailers, já vemos que Diana é uma mulher dona de si e independente, mas isso não pode ser ofuscado, no filme, por seu romance com Steve Trevor. Ao mesmo tempo, o filme precisa ser bom (tanto em relação às críticas quanto bilheteria), caso contrário, o alvo da culpa será Patty Jenkins e não nenhum dos outros milhares de problemas que podem afetar a história e a produção.

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A heroína icônica

Finalizando, temos aqui um caso interessante, pois acaba indo um pouco em desencontro com relação ao que foi dito no oitavo item. Embora a Warner esteja trabalhando mal seus personagens, confiando-se demais no quanto eles são "icônicos" na cultura pop e isso precise ser mudado por uma construção real de tramas e personagens, Mulher-Maravilha também precisa reconhecer e respeitar o ícone que a personagem representa nos quadrinhos.

Temos aqui a chance de criar algo inovador, ao mesmo tempo que possa beber diretamente dos quadrinhos como inspiração, criando uma trama coesa e coerente que abrace a complexidade por trás da mitologia da Mulher-Maravilha. Precisamos ver nossa heroína sendo representada de forma digna e clássica, como ela merece.