[CRÍTICA] Agentes da S.H.I.E.L.D. – 4ª Temporada – O fantasma, o robô e a Hidra!

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[CRÍTICA] Agentes da S.H.I.E.L.D. – 4ª Temporada – O fantasma, o robô e a Hidra!

Por Gus Fiaux
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Ficha Técnica

Título: Agentes da S.H.I.E.L.D. (Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D.)

Período de exibição: 20 de setembro de 2016 a 16 de maio de 2017.

Emissora: ABC

Criadores: Maurissa Tancharoen, Jed Whedon, Joss Whedon

Showrunners: Maurissa Tancharoen, Jed Whedon, Jeffrey Bell

Quantidade de episódios: 22

Sinopse: Após a derrota de Hive, a S.H.I.E.L.D. se restabelece sob uma nova liderança, e lidera uma caçada contra heróis não reconhecidos pelos Acordos de Sokóvia. Isso coloca Coulson e sua equipe no rastro de Tremor, que está envolvendo-se com uma nova figura misteriosa. Ao mesmo tempo, o Dr. Radcliffe faz uma invenção que pode revolucionar a humanidade.

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Um novo modelo

Agentes da S.H.I.E.L.D. provou, ao longo de quatro anos, que sua caminhada é sinônimo de evolução. Quando começou, ainda em 2013, a série era muito criticada pelo público, que apontava falhas de roteiro, de direção e principalmente de química entre atores. Agora, em sua quarta temporada, todos esses problemas ficaram para trás, e tivemos o auge da produção até agora.

Merece inúmeros elogios a decisão de dividir a temporada em três distintos arcos de episódios, criando micro-temporadas dentro de si que conseguem fazer fluir a história de uma forma mais articulada, sem a necessidade de muitos episódios fillers e tramas arrastadas.

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Ghost Rider

O primeiro dos três arcos, chamado de Ghost Rider trouxe à tona um elemento que ainda não havia sido visto na série. Pegando carona na expectativa de Doutor Estranho - que só seria lançado dois meses depois do início da temporada - a série investiu em um lado mais místico, trazendo à tona o Motoqueiro Fantasma, em uma versão mais recente dos quadrinhos.

Ainda assim, os primeiros episódios não fazem questão de esquecer ganchos deixados na temporada anterior. Aqui, vemos uma Tremor em fuga, enquanto serve como heroína ilegal. Coulson e sua equipe estão subordinadas a um novo diretor, e FitzSimmons explora mais seu novo status de relacionamento, ao mesmo tempo que começam a trabalhar em um projeto misterioso do Dr. Holden Radcliffe.

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O trunfo, no entanto, está na forma como as coisas são conduzidas de forma gradual, ainda que rápida. Em poucos episódios, descobrimos a verdade sobre o Patriota, bem como seu papel na atual organização política da S.H.I.E.L.D.. Por outro lado, quem rouba a cena é o Motoqueiro Fantasma, construído a partir de um bom uso de efeitos visuais - como nunca antes visto na série.

Ainda assim, tramas secundárias ganham destaque - e boa parte delas pode retornar no futuro -, como a caçada aos Inumanos, a presença opressora dos Acordos de Sokóvia e a criação de AIDA, que acabou se tornando a maior ameaça da temporada.

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Apesar de ter um vilão um tanto quanto esquecível, e uma trama não muito envolvente, o primeiro arco serviu muito bem para estabelecer os acontecimentos que levariam aos dois seguintes, criando um começo estável para a nova temporada, que alegrou os fãs pela inserção de elementos um tanto quanto inesperados dos quadrinhos.

Aqui, temos também a inserção de novos membros marcantes no elenco da série. Tanto Jason O'Mara - o Patriota - quanto Mallory Jansen - AIDA - deixaram sua marca em suas participações, e apesar de serem coadjuvantes nos primeiros episódios, se tornaram as duas figuras de mais destaque no desenrolar da série.

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LMD

Após o longo hiato de inverno, a série retornou com a fase LMD, que procurava dar mais atenção à trama dos Modelos de Vida Artificiais, algo que começou a ser despertado com um bom interesse durante o primeiro arco. Foi aqui que tivemos o maior número de reviravoltas e plot twists da temporada, e a maior parte deles funcionou bastante, criando uma trama imprevisível e cada vez mais sufocante.

Foi aqui que começamos a criar uma ligação antagônica com AIDA - que, vale ressaltar mais uma vez, foi brilhantemente interpretada por Mallory -, ainda que a personagem tivesse um ar quase inocente e infantil. Infelizmente, surge também a figura do Superior - interpretado por Zach McGowan, um dos piores atores/personagens a já passar pela série.

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Ao longo de nove episódios, temos aqui o maior trabalho de interação entre os atores. Com a dinâmica dos MVAs presentes na relação dos personagens, criou-se uma trama misteriosa, que dava fortes indícios de suspense toda vez que um novo personagem aparecia com intenções duvidosas.

Aliás, é durante esse arco que algumas contradições são bem trabalhadas - como a busca da humanidade em AIDA ou a vontade de ser um herói de Mace, e isso resultou em estudos de personagens profundos e multi-dimensionais, algo que a série já tinha mergulhado no passado, mas não com a mesma intensidade.

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Aproximando-se do final, LMD andou na linha tênue entre o suspense e o horror. Os dois últimos episódios do arco funcionam com uma precisão magistral, criando a sensação de que as coisas ainda poderiam ficar piores para os heróis - independente do quanto eles tivessem lutado por suas vidas.

Aqui também ficou concentrada a maior quantidade de episódios com excelente direção e produção. A pouca necessidade de efeitos visuais fez com que a série investisse mais em roteiro e em dramaticidade, o que compensou a falta de ação, ao mesmo tempo que ajudou a criar um suspense com artes de thriller psicológico.

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Agents of HYDRA

Por fim, o último arco da série, denominado Agents of HYDRA começou a ser exibido no dia 4 de abril, e trouxe consigo uma ideia corajosa para a série: quase todos os agentes foram capturados e suas mentes foram aprisionadas em uma realidade virtual, enquanto AIDA maquinava seus planos no "mundo real". Apenas Tremor e Simmons poderiam salvar seus colegas.

A série aqui encontrou um modo curioso de se auto-homenagear e fazer diversas referências ao seu passado, ao mesmo tempo que criou uma trama digna dos mais loucos "What If's" dos quadrinhos, em um mundo governado pela HIDRA e onde Inumanos eram caçados a mando da Madame Hidra e seu amado Fitz.

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É mais uma vez explorando contradições que a série conseguiu impor brechas de humanidade em seus heróis. O trabalho feito com Fitz, May e o Patriota nesse arco foi espetacular, dando uma noção geral do porquê esses personagens são tão complexos e conseguem funcionar tão bem juntos. Ao mesmo tempo, AIDA - ou, dessa vez, Madame Hidra - se concretizou como a melhor vilã da série, desenvolvendo um plano compreensível e audacioso.

Passamos pela resolução do problema do Framework, que foi bem manejada e conduzida, deixando algumas feridas abertas para os agentes, e provando que, apesar da realidade ser virtual, eles ainda estavam cercados por perigos reais e imediatos. Não é surpresa que a morte de Mace tenha sido um dos pontos mais marcantes de toda a temporada.

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Em seus dois últimos episódios, a série decidiu amarrar as pontas soltas e reunir todos os elementos presentes nos três arcos para dar um último suspiro de alívio. E ainda que algumas conclusões ficassem precipitadas ou apressadas demais, conseguimos ter uma boa visão do quadro geral, enquanto a série se despedia em toda sua glória até a próxima temporada.

Em sua season finale, Agentes da S.H.I.E.L.D. conseguiu - com sucesso - fechar algumas de suas tramas e abrir novas pontas soltas para seu quinto ano, ao mesmo tempo que conseguiu trazer um fim digno e respeitoso aos elementos apresentados ao longo da quarta temporada, deixando para trás uma produção que merece elogios por sua qualidade técnica - que nunca esteve tão afiada.

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Por fim...

A quarta temporada de Agentes da S.H.I.E.L.D. é definitivamente a melhor que a série já produziu. Não apenas em termos técnicos, mas também em toda sua ancoragem e adaptação dos quadrinhos, que decide voltar às origens da organização na Marvel, ao mesmo tempo que insere conceitos novos e surpreendentes, como misticismo e realidades virtuais.

Com uma quinta temporada já confirmada, temos a certeza de que a série evoluiu o suficiente para se tornar uma das melhores franquias dentro do Universo Cinematográfico da Marvel, e no próximo ano, sabemos que nem as estrelas são o limite.

NOTA: 5/5