[CRÍTICA] Assassin’s Creed – O filme que precisa de uma DLC!

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[CRÍTICA] Assassin’s Creed – O filme que precisa de uma DLC!

Por Mike Sant'Anna

Essa crítica não expressa a opinião coletiva dos membros do site, apenas de seu autor.

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Ficha Técnica

Assassin's Creed é um filme dirigido por Justin Kurzel, adaptando a história dos jogos da famosa franquia criada pela Ubisoft. Por meio de uma tecnologia revolucionária que destrava suas memórias genéticas, Callum Lynch (Michael Fassbender) experimenta as aventuras de seu ancestral, Aguilar, na Espanha do século XV. Callum descobre que é descendente de uma misteriosa sociedade secreta, os Assassinos e acumula conhecimentos e habilidades incríveis para enfrentar a organização opressiva e poderosa dos Templários nos dias de hoje.

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O futuro dos filmes de games

Assassin's Creed veio como sendo mais uma grande aposta para a indústria das adaptações de games para o cinema, um segmento que, há muito, já sofre com produtos mal feitos. A começar pela infame adaptação de Super Mario Bros feita em 1993, passando pelos fiascos dos filmes de Street Fighter e até mesmo Tekken, pelos duvidosos filmes da franquia Resident Evil e chegando até ao mais recente filme de Warcraft que chegou muito perto de se tornar a revolução deste mercado.

Com toda certeza, ao se analisar esse grande panorama, olhando pra trás e contemplando tudo que já foi feito nas adaptações cinematográficas de jogos, todas as "heresias" que já foram cometidas com os fãs de games, Assassin's Creed é sim um grande avanço e um passo importante nesse cenário. Mas ainda não foi o suficiente.

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Parecia promissor

O filme começa em um ritmo bastante acelerado, mas de uma maneira que você não fica confuso e consegue acompanhar muito bem os fatos apresentados na tela. Em pouco tempo de filme já adentramos em toda a história que os fãs já estão acostumados em Assassin's Creed: A trama dos assassinos no passado.

Isso faz com que você se empolgue muito rapidamente e aposte que o filme vai te deixar sem respirar do começo ao fim. Para as pessoas que já são fãs do jogo, o sentimento é de que ele tem muita história pra contar em pouco tempo, por isso o filme não irá perder tempo com enrolações, partindo direto para o que interessa: o mundo do Credo dos Assassinos.

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Parecia...

É nesse momento que temos a primeira e grande decepção do filme, pois depois desse início bem acelerado, o enredo do filme ganha uma enorme freada brusca - por falta de um termo para definir melhor - e nós começamos a encarar os reais problemas com o filme de Assassin's Creed.

O filme se mostra repleto de diálogos rasos, sem muito sentido, enquanto somos jogados em um mundo onde qualquer um consegue perceber que existe uma história muito mais profunda por trás e que ela não está sendo contada.

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"Assassin's Creed"

Mas e o tal Credo dos Assassinos? A Viagem ao passado? A Imersão em um período histórico? Está tudo lá, mas ao mesmo tempo não está. As viagens ao passado com a Animus se tornaram apenas pequenos pulos no passado, jogados no meio da trama principal seguindo Callum Lynch (Michael Fassbender) no tempo presente.

O descaso com o núcleo dos Assassinos do passado é tão evidente, que até mesmo Aguillar (também interpretado por Michael Fassbender) tem no máximo cinco ou seis frases ditas durante todo o filme - talvez tenha sido uma decisão tomada para que Fassbender não arranhasse muito no espanhol, já que todo mundo daquele núcleo falava espanhol - algo que provavelmente deve ter irritado muitos fãs dos jogos.

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Menos Callum e mais Aguillar

Um dos maiores atrativos que fez com que a franquia Assassin's Creed fosse um sucesso tão grande dos jogos é exatamente essa imersão que você tem na sociedade secreta que existe pelo mundo todo, perdurando por vários e vários séculos. Acompanhar as histórias dos assassinos e como eles interferiam em grandes momentos da história mundial.

Obviamente, nos jogos nós também temos as tramas que se passam durante o tempo presente e elas são sim muito importantes. Toda a história de Desmond Miles é sensacional e parece ter servido como base de referência para a criação de Callum Lynch. Porém, no filme, o que nos é apresentado é a total inversão destes conceitos, onde o foco total está na trama do presente e como toda a história que se passa na Inquisição Espanhola se mostra como nada mais que uma sub-trama, uma muleta para justificar os acontecimentos do presente.

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Tudo muito raso

Se a decisão do item anterior tivesse sido tomada pelo bem maior do filme, para que pudéssemos entender melhor e nos aprofundar melhor na história dos Templários, na busca pela Maçã do Eden, conhecer mais a Abstergo, seria algo completamente compreensível e louvável inclusive.

Mas não é exatamente isso que acontece e todas as tramas ficam completamente superficiais. Em nenhum momento o roteiro de Assassin's Creed se aprofunda em nenhum dos núcleos, o que causa uma certa confusão no espectador que se sente perdido em saber o que está acontecendo na Espanha de 1492 e também um total desinteresse com o que está acontecendo em 2016.

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Quem é esse?

Desinteresse, aliás, é a palavra que poderia definir o filme. Pois, ao tentar contar tanta coisa em tão pouco tempo, você acaba não se importando com nada. Você sai da sala do cinema sem lembrar do nome de pelo menos metade dos personagens importantes que aparecem.

Na trama de Aguillar, você só sabe o nome do assassino protagonista e de mais ninguém - eles até são mencionados, mas você logo esquece. As mortes do filme são completamente superficiais e não te afetam de maneira alguma, você não se importa com nenhum personagem, nem com o que pode acontecer com qualquer um deles.

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Existem coisas boas também

Mas, apesar do que esta crítica está fazendo parecer até agora, nem tudo são erros em Assassin's Creed. Pelo contrário, o filme teve muitos acertos, afinal de contas, como eu disse no início do texto, Assassin's Creed é sim um grande avanço e um passo importante nesse cenário das adaptações de games.

O visual é algo de tirar o fôlego, trazendo cenários incríveis e tomadas de câmera sensacionais que mostram todo o carinho e zelo que os produtores tiveram com o filme. As sequências de perseguição com as manobras de Parkour ficaram muito nítidas, o filme soube trazer esse sentimento perfeitamente que o jogador tem ao sair escalando por paredes e correndo por telhados no jogo.

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Referências

Falando no sentimento de jogador, muitos elementos cruciais da franquia de jogos estavam presentes no filme de uma maneira respeitosa e bem fiel.

Mesmo com todas as mudanças e adaptações, o filme Assassin's Creed manteve um pé muito bem enraizado no material original dos três primeiros jogos, onde mesmo não sendo exatamente uma história presente em qualquer um dos jogos, você conseguia identificar perfeitamente que aquilo era um filme de Assassin's Creed.

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Michael Fassbender

O ponto alto do filme fica por conta de Michael Fassbender, o protagonista que dá um show de atuação do começo ao fim. Os outros membros do elenco como Jeremy Irons e Marion Cotilard não conseguem se abrilhantar tanto quanto Fassbender que, independentemente se estava como Cal ou Aguillar, entregou um trabalho fenomenal, sendo o completo responsável por todas as vezes que o filme conseguiu emocionar de alguma maneira.

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Ah... a ironia

O grande problema com Assassin's Creed reside na vontade de contar uma história que foi dividida em três longos jogos para ser contada em apenas duas horas de filme, o que causou uma chuva de núcleos profundos sendo explorados apenas superficialmente.

James Gunn, o diretor de Guardiões da Galáxia, recentemente disse que alguns filmes de games deveriam continuar apenas como jogos, pois é assim que eles funcionam. Mas esse não é o caso de Assassin's Creed, a franquia de jogos sempre teve e sempre terá um grande potencial pra se tornar uma grande franquia de filmes também. Mas, dessa vez, eles quiseram colocar muita coisa em um produto só, ao invés de optar lançar aos poucos, o que é irônico se você considerar que se trata de um produto da Ubisoft.

Infelizmente Assassin's Creed é um filme que precisa de um DLC pra funcionar melhor.

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NOTA

Assassin's Creed peca em muitos aspectos como adaptação de game e como filme, mas ainda é um filme bonito que consegue entreter por duas horas.

Nota: 2,5/5