Crítica – Deadpool: Lutando contra a mesmice nos filmes de super-herói!

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Crítica – Deadpool: Lutando contra a mesmice nos filmes de super-herói!

Por Márcio Jangarélli

Obviamente, Spoilers do filme!

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Ficha Técnica

Classificação: 16 anos

Gênero: Ação, Aventura, Ficção Científica, Fantasia, Comédia.

Diretor: Tim Miller

Roteiro: Rhett Reese, Paul Wernick

Elenco: Ryan Reynolds, Morena Baccarin, Ed Skrein, Gina Carano, T.J. Miller, Andre Tricoteux, Brianna Hidebrand

Tempo: 1h e 40 min

Distribuição: 20th Century Fox

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Divulgação Massiva

Não fazem nem 2 anos que o vídeo-teste de Deadpool foi vazado e causou o maior alvoroço entre os fãs de quadrinhos. Do meio de 2014 até agora, o projeto, que antes parecia apenas um sonho, foi confirmado, produzido e ganhou uma estratégia promocional invejável. A primeira imagem promocional foi divulgada em março de 2015 e, nesse meio tempo, o longa rendeu uma verdadeira enxurrada de vídeos, pôsteres, aparições e fotos, todas lotadas de referências e o humor-negro-pastelão do anti-herói. Fomos de “Deadpool salva gatinho de árvore” até a ótima cena dos trailers “Essa noite eu vou bater umazinha”.

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História

Então o dia de estreia chegou, em um momento de expectativas altas, mas o filme se supera na maioria. A inspiração para a trama veio das histórias de Joe KellyHey, It’s Deadpool” e “Payback”, além de um pouquinho de outras, como “Sins Of The Past” e “A Kiss, A Cure, A Death”, mostrando a origem dos poderes de cura e das deformações de Wade Wilson, a tentativa de curar seu câncer terminal, através das experiências de Ajax para produzir super-escravos, não mencionando o projeto Arma-X, seguindo para a jornada de vingança de Deadpool por conta de seu novo visual, que parece “um abacate que fodeu um abacate mais velho”.

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Good Deadpool

O ponto mais alto fica, é claro, com o humor, que explora tantas referências quanto é possível, desde o Lanterna Verde de CGI, até um bonequinho do Deadpool de X-Men Origins: Wolverine. E sim, tivemos um aceno ao Aranha, tanto nas cenas de Wade costurando seu primeiro uniforme e indo direto para um ringue de boxe, até os créditos.

A relação do Mercenário com Colossus e Negasonic Teenage Warhead, a dupla X-Men que tenta recrutar Wade para o grupo, é uma das melhores coisas da trama, com Deadpool dando as suas negativas para “aquele lugar liderado por aquele Careca, que mais parece um culto”.

Ainda nos X-Men, vemos um visual diferente do uniforme dos mutantes com a dupla, apostando em mais cores, menos couro. Também, a participação dos dois é fundamental para o cômico do filme, quando a cena da luta entre o Deadpool e o Colossus fez o cinema todo gargalhar alto.

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Good Deadpool II

Além do humor, a ação está impecável, pelo menos para um projeto com esse orçamento, apostando em maneiras criativas e séries de luta ótimas; a sequência de abertura, por si só, é espetacular. Foi um filme bem barato de se fazer, praticamente dá para contar nos dedos de uma mão de bebê as locações do filme. E pra não falar que é só comédia e ação, o drama da história de Wilson é muito bem explorado, visto que as cenas no laboratório superam, e muito, alguns filmes de super-herói de orçamento absurdo por aí.

Não esquecendo: O uniforme do anti-herói é uma das adaptações mais fiéis de visual dos quadrinhos. A roupa, em efeitos práticos, com apenas os olhos em CGI, que deram um toque todo especial, diferente do último trabalho de Reynolds como super-herói, é incrível.

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Bad Deadpool

Porém, Deadpool tem seus baixos. O exagero de slow motion nas cenas de ação, por exemplo, quebra um pouco a dinâmica. Blind Al foi bem mal explorada, deixando as cenas com a companheira/refém do Mercenário quase desnecessárias e sem graça. Focar em algumas piadas muito americanas também confundem um pouco os estrangeiros, como a discussão sobre as marcas de móveis.

O final deve ser mencionado, quando o filme se passa inteiro tentando desconstruir alguns clichês dos blockbusters super-heróicos, aí, em seu desfecho, cai na megalomania do navio e grandes explosões. Poderia ter se resolvido de uma forma mais criativa, divertida e até custado menos pro estúdio, mas o longa já é uma aposta bem arriscada, então é compreensível utilizarem alguns artifícios mais clichês para conquistar o público.

Também, uma das vitórias do filme, que foi sua divulgação pode ter sido massiva demais, porque atrapalhou um pouco a execução do mesmo, quando muita coisa que estava passando ali já não era inédito. Muita coisa mesmo. Bad Deadpool.

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Atores coadjuvantes

Pra fechar, os coadjuvantes dão um show em seu espaço, como o par romântico de Wade, Vanessa, de Morena Baccarin, tão engraçada e incrível quanto Reynolds em seu papel, com piadas pontuais como a “Feliz Dia das Mulheres” e o “Gandalf Gordo”, não tão bem utilizada depois da metade da trama, mas que deixa um plot aberto para se transformar em Vanessa Carlysle, a mutante Copycat, em uma sequência.

T.J. Miller, em suas aparições, é tão excelente quanto os trailers passam, não deixando dúvidas sobre o talento do rapaz com humor. Ajax e Angel Dust podem não ter sido aqueles grandes vilões, mas preencheram seus papeis muito bem, Angel ficando com destino incerto.

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Quarta Parede

Por fim, mais um ponto positivo para o Mercenário Tagarela: a esperada quebra da quarta parede, ou seja, o filme conversar diretamente com o espectador. Deadpool já faz isso nos quadrinhos, e muito, sendo chamado de louco por outros personagens, e, na nova mídia, a coisa deu um toque especial, sendo muito bem trabalhada, porque não foi apenas uma quebra de 4 paredes, foram quase “16 paredes”.

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E agora?

E sobre sequências, o pós créditos já nos avisa sobre a chegada de Nathan Cable Summers, o “cara grande, musculoso, com tapa olho e cabeça reta”, na possível continuidade e os diretores já falam sobre X-Force, Siryn e outros mutantes, além, é claro, do Wolverine, que não apareceu, mas estava no filme em espírito e máscara.

Sobre a sequencia, nada está confirmado, mas Deadpool já arrecadou, até o momento, mais de 130 milhões nas bilheterias, em seu primeiro final de semana, um recorde para filmes com a classificação Rated R e mais de duas vezes o orçamento do projeto, ou seja, sucesso total.

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Chimichangas

Deadpool é sim um dos filmes mais legais de super-herói dos últimos tempos. Mesmo com seus problemas, o longa vai fundo na sua classificação Rated R, trazendo uma das melhores adaptações de quadrinhos para o cinema, em uma megalomania, não de efeitos, mas de comicidade, violência e coragem, além de levar os filmes de super-herói pra uma outra vertente.

Será uma revolução no gênero, como alguns dos envolvidos na produção estavam fomentando? Quem sabe. Como alguns outros lugares apontaram, a trama, sem o protagonista, é bem simples, quase clichê, porém, analisar esse tipo de filme com essa crítica é, no mínimo, duvidoso; não tem como separar o protagonista da história, pelo menos, não nesse caso, afinal, tudo se desenrola a partir da loucura do personagem.

O que dá pra afirmar é que, ainda que sua praia não seja super-heróis, a Marvel ou o próprio Wade Wilson, é bem difícil você sair do cinema sem ter rido pelo menos uma vez com o anti-herói de Ryan Reynolds. Good Deadpool!