[CRÍTICA] Logan, o filme definitivo do Wolverine!

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[CRÍTICA] Logan, o filme definitivo do Wolverine!

Por Fernando Maidana

Para aqueles que criticaram os trailers, vídeos e imagens promocionais por entregarem muito do filme: Relaxem, toda a surpresa ainda está sendo mantida em segredo.

Para quem está contando os dias para conferir Logan nos cinemas: Prepare-se para uma das maiores experiências cinematográficas da sua vida.

A crítica não contém spoilers da trama!

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Ficha Técnica

Estreia: 09/02/2017;

Direção: James Mangold;

Trilha-Sonora: Marco Beltrami;

Produção: Lauren Shuler Donner, Simon Kinberg, Hutch Parker;

Sinopse: Em um futuro próximo, um cansado Logan cuida do doente Professor Xavier em um esconderijo na fronteira mexicana. Mas as tentativas de Logan de se esconder do mundo e de seu legado são interrompidas com a chegada de uma jovem mutante, perseguida por forças sombrias.

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Fuck!

Essa é a primeira palavra proferida por Hugh Jackman em Logan e acompanha sua jornada durante todo o filme.

A classificação indicativa, maior que as das produções anteriores, garantiu uma liberdade imensa para os roteiristas introduzirem todos os palavrões e a violência que o personagem sempre exigiu.

Mas engana-se quem pensa que o filme se sustenta nessa liberdade para transformar a despedida de Hugh Jackman em um banho de sangue regado a insultos e obscenidades.

A construção da trama preocupa-se em inserir tais elementos nos exatos momentos em que se fazem necessários, deixando o espectador envolvido e, ao mesmo tempo, chocado.

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Logan não é apenas um banho de sangue... "apenas".

O filme possui, sim, altas doses de selvageria. Mas por mais que seja crua e visceral, a palavra que melhor define a quantidade de violência em cena é real.

Nada é inserido de forma gratuita. Todos os desmembramentos, destripamentos e decepamentos se fazem necessário por ser o último recurso de um Wolverine cansado, desgastado e que não quer carregar a alcunha de super-herói. Mas, quando precisa mostrar suas garras, lá está o Carcaju que sempre sonhamos em ver no cinema.

Se tiver estômago fraco prepare-se para cobrir a visão.

A classificação indicativa permite que o filme faça closes quase escatológicos e o diretor, James Mangold, não tem medo de mostrar cabeças sendo arrancadas e o fator de cura do personagem regenerando tecido e carne de frente para a câmera.

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Por mais que o filme carregue o título de Logan, não é apenas o personagem titular que brilha.

Mais uma vez, Patrick Stewart nos entrega uma performance fantástica como Charles Xavier, mas, dessa vez, longe de seus dias de glória como diretor do Instituto Xavier.

Devido a uma doença degenerativa, Xavier apresenta uma imensa instabilidade, tanto em seus poderes como em sua capacidade cognitiva. Vemos um Professor X fragilizado e suas cenas iniciais são de partir o coração. Ainda assim, percebemos o gigantesco poder do personagem ao longo do filme, no qual Xavier se faz indispensável.

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Outra que rouba a cena é a espetacular Laura Kinney.

Em seus primeiros momentos de tela, já percebemos que a personagem de Dafne Keen ainda tem muito a oferecer ao universo dos X-Men.

Assim como o próprio Wolverine, X-23 é uma máquina criada para matar. No entanto, o contraste entre suas cenas de ação e o fato de ser uma criança destripando um esquadrão de soldados altamente treinados, torna a experiência ainda mais interessante.

Laura Kinney é capaz de fazer tudo o que Logan faz, mas de maneira mais rápida e eficiente. Ela é uma verdadeira caçadora, mas com a curiosidade e a inocência de uma garotinha que não conhece o mundo à sua volta.

A dinâmica entre Laura e Logan é responsável por alguns dos grandes momentos do filme. Mas o laço entre a X-23 e o Professor X é o coração da história.

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Para completar o time dos "mocinhos" temos o intrigante Caliban.

Stephen Merchant deixa para trás sua imagem de ator de comédias e nos entrega um personagem perturbado, mas que tenta ser a sensatez do grupo agora que o cérebro de Xavier já não é mais o mesmo.

Talvez um dos pontos negativos de Caliban seja o fato de sua história não ser explorada mais a fundo e ele parecer um pouco deslocado na trama. Mas nada que prejudique sua grande participação.

Além de sua divertida personalidade, o visual do personagem está incrível e sua fraqueza em relação à luz do Sol é mostrada de maneira magnífica.

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Do outro lado da história, temos os Carniceiros.

Liderados por Donald Pierce, o grupo de mercenários é a tropa particular de Zander Rice, o médico responsável por ressuscitar o Programa Arma X.

Por mais que atormente a vida de James Howlett, podemos ver que Pierce está apenas fazendo seu trabalho.

O ciborgue não possui desejos megalomaníacos ou planeja dominar o mundo, ele é "apenas" um mercenário tentando finalizar sua missão. Em alguns momentos, o personagem fica chateado por Logan interferir no seu trabalho, já que o próprio Donald Pierce é um fã das histórias do Wolverine.

Dr. Rice é o médico desprezível que volta para reviver o passado sombrio de Logan e que sempre será uma sombra na vida do Wolverine.

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Logan se passa em uma realidade distópica.

Não apenas o Wolverine sente-se amargurado e entregue, mas todo o mundo vive com medo constante e sob o controle de grandes corporações.

Não existem super-heróis, mas também não há a sensação de um grande evento que pode acabar com toda a vida na Terra.

O filme centra sua história em uma trama sólida, amarrada e sem pontas soltas. É um mote simples que abraça elementos de Road Movie com os clássicos Westerns - que foram uma inspiração fortíssima para o roteiro - e uma carga dramática visceral.

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As relações entre os personagens são o verdadeiro trunfo de Logan.

Por mais que as cenas de ação sejam impressionantes - e são impressionantes DE VERDADE - os laços construídos entre protagonistas e coadjuvantes tornam toda a trama verossímil, o que nos provoca um impacto muito maior conforme os eventos discorrem.

Desde a dinâmica entre James, Xavier e Laura até um personagem que tenha apenas uma fala, cada elemento inserido em Logan contribui para que o filme nos envolva de forma magistral.

Afinal de contas, são 17 anos acompanhando Wolverine e Professor X. Nós conhecemos sua história tanto quanto os próprios personagens e ver tudo o que foi construído ao longo desses anos culminar em Logan é extremamente gratificante.

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Mas nem só de sombras e escuridão vive Logan.

Em meio ao tom amargurado e a sensação de que não existe esperança para aquele grupo, temos momentos de alegria e até mesmo alguns alívios cômicos.

Mais uma vez, nada gratuito.

Até mesmo as piadas e situações cômicas são inseridas em um contexto onde elas precisavam ser introduzidas e rimos junto com os personagens como se fizéssemos parte daquele universo.

As situações de alegria e ternura nos mostram que ao menos podemos fazer alguma coisa pelo próximo, mesmo quando já não há esperança dentro de nós.

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Há sim um futuro para o que Logan construiu, mas é difícil afirmar se os estúdios continuarão a trilhar por esse caminho.

Logan funciona muito bem em um universo isolado.

Não importa se ele se passa no futuro da cronologia principal dos X-Men ou se foi criada uma realidade à parte. No final das contas, nada disso influencia na história.

O final do filme abre um leque de possibilidades, mas ao mesmo tempo nos deixa com a sensação de que o que precisava ser contado foi feito ali.

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No final, Logan se prova uma verdadeira carta de amor, não apenas ao personagem, mas a toda a mitologia dos X-Men nas HQs.

Hugh Jackman deixará seu legado marcado para sempre nas adaptações de histórias em quadrinhos.

Mas, como o próprio ator disse, esse não é um filme de heróis. É um filme que honra a história do Wolverine e é a jornada definitiva do personagem nos cinemas.

Parafraseando Os Brutos Também Amam, de 1953: "Um homem tem que ser aquilo que ele é, Joey. Não pode quebrar a fôrma."

Logan estreia em 2 de Março de 2017.