10 grandes diferenças entre o livro e a série de Deuses Americanos!

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10 grandes diferenças entre o livro e a série de Deuses Americanos!

Por Márcio Jangarélli

Atenção: Alerta de Spoilers!

Um dos maiores acertos da adaptação para série de Deuses Americanos é que não se trata “apenas” de uma adaptação em si, mas de uma expansão do universo apresentado no livro de Neil Gaiman.

Várias mudanças foram feitas para a produção e, em sua maioria, foram muito positivas. Tem gente que curtiu mais a série que o próprio material-fonte! Separamos aqui as principais diferenças entre as duas narrativas, para entendermos melhor o caminho traçado pelo programa.

Imagens: Divulgação
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Anansi

Mr. Nancy, pode nos contar uma de suas histórias? Neil Gaiman não é estranho ao tratar do Anansi, a divindade multifacetada de origem africana. São várias lendas que constituem o mito da aranha e o personagem de Deuses Americanos tem um pouquinho de cada uma delas

Porém, nos livros, o Mr. Nancy é um personagem um tanto diferente da série. Ele é introduzido pelo Czernobog durante os eventos na House on the Rock e, a partir daí, se torna um personagem central para a trama. Na obra, ele é descrito como um homem idoso, que gosta de contar histórias e não ganha um “Vinda à América”.

Na série ele é interpretado por Orlando Jones, bem mais jovem, mais intenso, poderoso e já conheceu o Shadow. Ele tem sua história de chegada na América em um navio negreiro e é um alfaiate - uma das melhores sacadas da produção, afinal, ele é uma aranha.

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Laura

Outra personagem com uma caracterização bem distinta na série é a Laura. A esposa zumbi do Shadow não ganha nem metade da atenção que ela teve na série em sua versão literária - ainda que seja fundamental para a história.

Ela chega conhecer o Mr. Ibis e o Mr. Jacal, mas de outra maneira e pouca coisa de suas aventuras pela América são mostradas.

A Laura nunca perde a moeda do Mad Sweeney, que não está enterrada em seu peito, mas pendurada como um colar em seu pescoço.

O que deu para sacar, pelo papel que a moça terá no futuro, é que a série quer construir uma relação muito mais odiosa entre ela e o Wednesday nessa narrativa - que deve culminar em algo mais grandioso que no livro.

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Mad Sweeney

Além da Laura, o Mad Sweeney tem um papel MUITO maior na série que no livro. Ele e a moça nunca se conhecem e a participação do leprechaun é bem mais melancólica e contida na obra.

Depois que perde sua moeda, no livro, Sweeney não ganha azar; sua reação é mais como a de um viciado em abstinência. A moeda é vital de uma maneira diferente ali e quando ele descobre onde ela foi parar, o tempo de recuperá-la já passou.

Outra coisa é que ele não está na história da Essie - do episódio 7. Não são leprechauns no conto, mas seres parecidos. Por isso, muitos fãs gostaram mais da caracterização do personagem na série.

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A delegacia e o enforcamento

Precisamos falar de dois momentos BEM distintos entre a série e o livro, mas que possuem resultados semelhantes.

No livro, o primeiro encontro entre o Shadow e o Garoto Técnico termina de uma forma mais pacífica. A divindade da Internet não enforca o protagonista - ele sai praticamente ileso da viagem.

A cena na delegacia, com a reunião dos Novos Deuses e a dupla protagonista também não existe no livro. Tem uma cena parecida - que se conecta com o enforcamento do Shadow. Vou explicar.

Em certo momento, o Shadow é sequestrado pelos Novos Deuses na história. Ele é levado para um vagão de trem isolado, guardado por duas divindades modernas menores - Mr. Wood e Mr. Stone.

Então ele é salvo pela Laura, que o localiza e destrói todo mundo que está em seu caminho (incluindo os dois Deuses). Essa cena foi dividida, então, com a Laura salvando o Shadow do enforcamento e a “captura” na delegacia.

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Mr. World

Esse é complexo. O Mr. World do livro é um personagem muito diferente do mostrado na série. Na verdade, ele só aparece mesmo nos momentos finais da narrativa. Antes disso, escutamos o nome, um pouco sobre a função dele e sua voz - que são coisas importantes, mas só.

Não vou entrar em detalhes para não estragar a experiência, mas ainda é completamente possível que a trama do livro envolvendo o Mr. World esteja na série, então fiquem atentos ao personagem.

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Bilquis e o Garoto Técnico

Como falei lá atrás, um dos grandes acertos da série foi não ser apenas uma adaptação, mas uma expansão do livro. A Bilquis, Rainha de Sabá, tem apenas duas aparições pequenas na obra. A primeira é aquela introdução que foi traduzida magistralmente pela série, enquanto a segunda é um encontro com o Garoto Técnico, mas nada parecido com a produção.

Na verdade, a série atualizou tanto a Bilquis, quanto o Garoto Técnico, para a era digital - que mudou drasticamente desde a época que o livro foi escrito. A ideia da relação entre os dois é genial, com o enfoque nos aplicativos de encontro - mas é possível que o encontro derradeiro entre os dois ainda aconteça, em algum momento. Sem spoilers.

Outro ponto importante é que a Bilquis não tem uma história de “Vinda à América”, outro acerto da série porque aquela sequência foi magnífica. E o visual Garoto Técnico foi “atualizado” - nos livros ele tem uma aparência de “nerd clássico”, enquanto a produção explora uma coisa meio “youtuber”.

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Vulcan

Assim como os episódios de “Vinda à América” originais da série, o Vulcan e toda a trama da cidade - e das balas - só existe na produção.

O Vulcan é uma criação original do próprio Neil Gaiman para a série. Segundo o autor, em uma viagem para o Alabama, ele encontrou uma cidade curiosa, metalúrgica, com uma estátua do Deus romano. Isso serviu de inspiração para o personagem.

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Shadow e Laura

A ideia do Wednesday sabotando a vida do Shadow e influenciando na morte da Laura existe, sim, nos livros. Porém, o passado criminoso do casal - e toda a tomada niilista-depressiva da moça - não está na obra. O relacionamento dos dois é mais “doce” no livro e o Shadow foi parar na cadeia por agressão.

Tem um porém aqui. O casino onde a Laura trabalha na série é uma referência aos livros. Em breve devemos conhecer o Cairo dos EUA, onde o Mr. Ibis e o Mr. Jacal moram. A temática egípcia do casino pode ter uma conexão com essa passagem.

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Media

Uma coisa que deixou os fãs bem felizes com a série é que a Media, interpretada pela Gillian Anderson, ganhou uma forma muito mais completa nas telas. A primeira aparição da divindade é bem fiel ao livro - ainda que aconteça em lugares diferentes (pessoalmente, a da série ficou mais intimidadora, enquanto a do livro é mais creepy).

No mais, a Media volta em poucas passagens na narrativa, enquanto o papel dela na produção foi expandido e melhorado. A ideia dela ter várias formas existe no livro, mas foi melhor explorada na série - a sacada com a Marilyn Monroe e o David Bowie foram geniais.

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Sem trégua

Por fim, essa deve ser a mudança mais considerável do livro para a série. Na obra, os Novos Deuses não querem muito diálogo.

Tem o primeiro contato do Shadow com o Garoto Técnico e a Media, que são “agradáveis”, mas depois disso, a prioridade das divindades modernas já muda para eliminar as ameaças dos Deuses Antigos.

Eles não tentam "informatizar" essas entidades ou trazê-las para o “lado vencedor”. A guerra foi instaurada bem no começo da história e os Novos Deuses são violentos e implacáveis em sua jornada.