[CRÍTICA] Guardiões da Galáxia Vol. 2 – A fita enroscou, mas deu pra curtir o som!

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[CRÍTICA] Guardiões da Galáxia Vol. 2 – A fita enroscou, mas deu pra curtir o som!

Por Leo Gravena

Atenção: Alerta de Spoilers!

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Ficha Técnica

Título: Guardiões da Galáxia Vol. 2

Ano: 2017

Direção: James Gunn

Duração: 137 min

Classificação: 12 anos

Elenco: Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Vin Diesel, Bradley Cooper, Michael Rooker, Karen Gillan, Elizabeth Debicki, Pom Klementieff, Chris Sullivan, Sylvester Stallone e Kurt Russell.

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O primeiro Guardiões da Galáxia foi um filme revolucionário, tanto para o público quanto para a Marvel Studios. O roteiro era divertido e inteligente, as piadas eram bem pensadas e os personagens, muito amáveis. O maior problema do filme foi seu vilão, Ronan, que simplesmente não era bom o bastante, ou não teve tempo para ser, devido a edição do filme.

Chegamos então ao Vol. 2. O filme tem um ótimo vilão, ou melhor, vilões. Mas todo o resto parece um pouco “off”. O filme inteiro é como se fosse uma tentativa frustrada de fazer com que um raio caia duas vezes no mesmo lugar.

Gunn poderia ter feito tantas coisas no filme, contudo, se contentou em contar histórias paralelas e fechadas que, no fim, fazem parecer que Guardiões da Galáxia Vol. 2 seja, simplesmente, um filme com tanta história que não sabe o que fazer consigo mesmo.

Falaremos então dos personagens e suas tramas...

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Mantis e Drax roubam a cena no filme. Quando James Gunn disse que eles teriam um “relacionamento forte” no filme, muitos fãs já imaginaram que seria algo romântico. Gunn, contudo, queria que a relação fosse mais de amizade - beirando algo paternal - e para não deixar que algo romântico ficasse subentendido optou por um ótimo caminho.

Drax sentindo nojo e dizendo que Mantis é terrivelmente feia e repulsiva foi um dos pontos altos em nível de comédia do filme, inclusive, quase todas as cenas de Drax são bem divertidas. Já Mantis consegue ser fofa e adorável, quase como o Groot no primeiro filme.

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Rocket tem toda uma trama no filme que mostra ele como sendo o mais chato e odiado da equipe. As cenas do personagem conversando com Yondu e descobrindo que é mais parecido com o Saqueador do que imagina é bem emocionante, porém, parece algo mais feito para desenvolver Yondu do que o próprio panda do lixo.

Durante o filme vemos Rocket se desenvolvendo de uma maneira muito boa devido a ajuda de Yondu, que auxilia o herói a ver os erros em seu modo de agir.

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Yondu, por sua vez, é o grande destaque do filme. A profundidade dada ao personagem, sua história no filme, toda a incrível referência aos Guardiões 3000. O personagem se destaca e sua história de redenção é bela, sentimental e o ponto alto do roteiro. Neste filme, Michael Rooker mostrou uma versalidade não vista em seus outros trabalhos.

O modo como o passado do personagem é abordado, os erros de seu caminho e sua redenção possuem uma própria trama. Por fim, Yondu é o personagem com a trama paralela mais interessante do filme.

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Baby Groot não é mais do que apenas um ser adorável que aparece no filme para dar alguns momentos de humor e fofura. A cena inicial com ele dançando é visualmente incrível e uma das melhores sequências do filme.

Contudo, o personagem acaba caindo em um ciclo de ser apenas fofo, divertido e então um gravetinho irritado. Não há desenvolvimento, o personagem é apenas isso. Baby Groot possui um potencial tão grande, mas acaba parecendo apenas um personagem criado para vender mais brinquedos.

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Nebulosa e Gamora também se destacam bastante no filme - mais especificamente, a personagem roxa e azul. As motivações de Nebulosa são bem convincentes e compreensíveis, ela não possui uma trama de redenção, porém é difícil não se comover com ela. Karen Gillan consegue passar exatamente a raiva, confusão e carência presentes na personagem, que deve retornar ainda mais focada e decidida em Guerra Infinita, já que ela possui um objetivo bem claro: Matar Thanos.

Gamora acaba sendo mais um instrumento no filme e não tendo uma trama própria, ao invés disso ela serve como personagem de apoio para a história de Nebulosa e interesse amoroso de Quill... O que é uma pena dado o fato de que Zoe Saldana é uma excelente atriz, porém, não consegue ter um grande destaque no filme o qual ela, supostamente, deveria ser uma das protagonistas.

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Peter Quill, o Senhor das Estrelas finalmente descobre sua descendência no filme. Contudo, sempre é necessário lembrar-se da frase cuidado com o que você deseja, você pode conseguir. Ego é um ótimo personagem com motivações bem quadrinhescas e Kurt Russel está extremamente confortável no papel.

As cenas entre Ego e Peter são interessantes, porém, não conseguem empolgar, mesmo com a química entre os atores, as interações entre pai e filho são mais artificiais que o planeta no qual eles estão.

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Um ponto no qual o filme tenta melhorar e consegue (em relação ao primeiro) é a incrível trilha sonora. Seja com The Chain, que estava presente nos trailers e aparece algumas vezes durante o filme, ou Come a Little Bit Closer, que toca em uma das melhores sequências do filme. A trilha se encaixa de uma maneira tão orgânica, que é como se pudéssemos vê-la como um personagem, andando entre os nossos heróis, completamente viva.

A cena em que Quill e Baby Groot ouvem Father and Son de Cat Stevens é um daqueles momentos em que é impossível não sentir os olhos marejando, a música e o contexto no qual é utilizada no filme certamente fará com que ela volte com tudo nas rádios no próximo dia dos pais.

Já o que realmente mais chama a atenção no Vol. 2 são os belíssimos efeitos e fotografia do filme. Já tínhamos visto algumas cenas incríveis nos trailers porém não se compara a ver os cenários criados com um detalhismo minusculo e a fotografia tão diferente, divertida e bela nas telonas.

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Considerações finais

Guardiões da Galáxia Vol. 2 consegue em vários momentos superar o seu antecessor, em outros não. O maior problema é que o filme não precisava se forçar a superá-lo. Em diversas entrevistas e comentários, James Gunn falou sobre como queria fazer algo melhor, maior, mais intimista. Contudo, o filme tanto tenta superar o seu predecessor que acaba, em diversos momentos, parecendo estar tão focado nisso que se esquece de contar sua história da melhor maneira possível.

Além disso, o filme possui outro grande problema: São tantos personagens e tantas histórias, que a coisa inteira às vezes parece meio perdida e abarrotada, como se Gunn tivesse tentando colocar dois filmes em um só. Faltou tempo o suficiente para mostrar todas as histórias da melhor maneira possível.

No fim, contudo, Guardiões da Galáxia Vol. 2 é um filme divertido, emocionante, com uma belíssima fotografia. excelente trilha sonora, um dos melhores vilões dos filmes da Marvel e personagens adoráveis, relacionáveis e, principalmente, humanos (o que é engraçado já que nenhum deles é totalmente humano).

Nota: 3,5/5